CONASEMS reconhece trabalho dos Agentes Comunitários de Saúde
A
memória do Movimento Municipalista retrata parte da história do nosso povo, por
isso deve ser relembrada, contada e representada simbolicamente por pessoas que,
ao longo de suas vidas, fizeram histórias em seus municípios.
A
construção de um sistema de saúde pública, como tem sido o SUS em nosso país, é,
na prática, a vanguarda, a mais avançada reforma política, administrativa e
financeira do Estado Democrático de Direito. Esse sistema não seria o que é
hoje sem o processo de descentralização radical das ações e serviços de saúde.
Sem a presença capilarizada dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS) em todos os
municípios brasileiros.
Ao
homenagear esses profissionais em seus 25 anos, o Conselho Nacional de
Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS), não poderia ter proporcionado maior
justiça ao entregar a comenda Dom Helder Câmara a outra Política, se não a do
Programa de Agentes Comunitários de Saúde – PACS, uma das estratégias mais
inteligentes que o país já desenhou, operou e deu os resultados que todos
conhecemos. Hoje são 254.545 ACS espalhados pelos 5.570 municípios brasileiros
que nas últimas duas décadas não mediram esforços para dedicar seu trabalho ao
cuidado com a saúde das famílias brasileiras de Norte a Sul do Brasil.
Nesse
cenário, destaca-se a história de Tereza Ramos de Souza, 59 anos, ACS
na equipe 2 micro-área 1 da Unidade Saúde da Família no Córrego da Bica em Nova
Descoberta, zona Norte de Recife, que se confunde com a história de milhares de
outras mulheres e homens que, nesses 25 anos de existência do CONASEMS, fazem-se
diferentes na busca da saúde para todos.
Tereza
Ramos começou a ser Agente Comunitária de Saúde no final da década de 70,
como voluntária. Nos anos 80, participou do primeiro curso de ACS promovido
pela comissão de Saúde de Casa Amarela, em parceria com a Federação das
Associações e Conselhos de Moradores (FEACA) e a Arquidiocese de Olinda e
Recife, que tinha como arcebispo Dom Helder Câmara. Desde então não largou mais
sua tarefa de fazer chegar a saúde mais perto das pessoas, em seus lugares de
moradia, trabalho e convivência. Na militância política, Tereza assumiu a
primeira presidência da Associação dos ACS de Recife e mais tarde, por dois
mandatos, a Federação Estadual e Nacional dos ACS.
Quando falo que o PACS se
mistura na construção dos 25 anos do CONASEMS, é para relembrar que foi no terceiro dia da 8a Conferência Nacional
de Saúde que ocorreu em uma das alas do ginásio de esportes da Universidade de Brasília,
uma reunião que foi coordenada por Nelson Rodrigues dos Santos, então secretário
Municipal de Saúde de Campinas. Lá, foi lançada a semente que fez nascer nosso
querido CONASEMS. Ali nasceu uma organização comprometida com as transformações
tão necessárias para a comunidade. Lá estávamos, na 8a Conferência
Nacional de Saúde, Teresa representando os ACS voluntários do projeto casa
amarela e eu, representando os estudantes do Centro Acadêmico de Enfermagem
Rosa de Paula Barbosa da Universidade Federal
da Paraíba. As historias se intercruzam.
Assim,
ao também ser contemplada com a Comenda Dom Helder Câmara, sinto a mesma emoção
vivida em 2010, quando recebi da Fundação Pan-Americana para a
Saúde e Educação (PAHEF) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em
Washington, o Prêmio Sérgio Arouca à Excelência em Atenção Universal à Saúde, por ter coordenado o PACS em meu estado, a
Paraíba, em 1991, e em seguida assumir a gerência nacional do Programa de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS) onde permaneci por dez anos. Hoje, repito o mesmo gesto de dedicar esta
honraria a todos os profissionais do
PACS e da Estratégia Saúde da Família, em um gesto de reafirmar nossos
compromissos com um SUS universal, integral e democrático em todo o território
brasileiro.
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